domingo, 23 de setembro de 2012

Que blog é esse? Para que serve?

Eu adoro conversar sobre adoção e sinto que posso ajudar. Já tive muita conversa na minha vez de “espera”, muitas pessoas me deram a mão e me ajudaram a seguir em frente na minha decisão. Sempre que eu posso fazer o mesmo por alguém fico feliz. Sinto que assim vamos ficando mais fortes! 

De tanto ser procurada por amigos — e amigos de amigos — curiosos com a história de adoção dos meus filhos, buscando conselhos, notei que muitas dúvidas se repetiam. Essas dúvidas também foram as minhas em algum momento da nossa história (minha, do meu marido e dos nossos filhos). Eu já estava ficando "rouca", no bom sentido, me repetindo... decidi então criar um documento simples onde eu compilava todas essas dúvidas e algumas respostas do meu ponto de vista.

Esse pequeno documento, bem despretencioso, circulou bastante. Eu já o encaminhei umas 20 vezes e tenho certeza que os amigos já o reencaminharam outras dezenas de vezes. Aí pensei: por que guardar isso para mim e para quem me pede apenas? Por que não deixar isso disponível na Internet, acessível a quem se interessar? Assim nasceu esse pequeno blog.

Meu ponto de vista é apenas o de uma mãe com dois filhos. Nada mais que isso. Não sou psicóloga, nem assistente social. Também não entendo de leis nem trabalho na Vara da Infância. Mas para tentar prestar um serviço de qualidade (ou com um mínimo de responsabilidade), pedi a ajuda a amigas que entendem de tudo isso (psicólogas e advogadas militantes da causa) que ajudaram com dicas uteis postadas ao longo desse blog. 

Vai descendo para encontrar um monte de artigos interessantes (aqui) e matérias que clipei ou ajudei a pautar (sou jornalista, é vício da profissão) aqui. Tentei colocar os posts, como num livro, do começo para o final, como se você estivesse lendo uma história em vários capítulos encadeados. O post mais recente é o último e não o primeiro que aparece.

Os textos que eu escrevi no blog Mães em Rede e no Blog 7 X 7 estão aqui.

Espero que seja útil!


O que é atitude adotiva


Ouvi o termo “Atitude Adotiva” pela primeira vez através da Barbara Toledo, fundadora do Quintal da Casa de Ana (que talvez seja o primeiro Grupo de Apoio À Adoção do País... não estou bem certa) e presidente da Angaad. Adorei. Atitude vai contra a postura passiva de ficar esperando, esperando, esperando um filho que nunca vem, certo?

Mas o termo diz muito mais do que isso. Fui pesquisar na Internet e selecionei trechos de entrevistas bem interessantes. Cada um dos pensadores e militantes da adoção descreve essa expressão de um jeitinho melhor do que o outro.

Para Guilherme Lima Moura, integrante do Gead Recife (Grupo de Estudos e Apoio à Adoção do Recife), “A criação dos filhos é ato contínuo, de longo prazo. Surge na convivência e na aceitação. É relacional, afetiva e de uma profunda amorosidade. A criação dos filhos é, enfim, a essência do que temos chamado de atitude adotiva. Filhos nascem da criação; filhos nascem na adoção.

O GEAD Recife acredita que a sociedade precisa ser educada para o exercício da atitude adotiva, que insere o respeito incondicional ao direito de cada pessoa à sua singularidade, como caminho para facilitar o entendimento e aceitação dos novos modelos de família. A atitude adotiva é um conceito que pode ser ampliado a outros contextos  sociais, ambientais e ecológicos, sensibilizando para a prática da cidadania, respeito ao próximo e a sua diferença, consciência ecológica e ambiental.

Para Sávio Bittencourt, marido de Barbara Toledo, desembargador e grande militante da adoção, atitude adotiva é uma tomada de posição da sociedade e dos indivíduos em prol da nova cultura da adoção: “Toda pessoa pode colaborar com a divulgação da nova cultura da adoção, para que este gênero de filiação possa ser entendido pela sociedade como realmente é: um encontro de amor, terno e eterno, que se destina a formação de um vínculo de paternidade ou maternidade responsável.”.

A Angaad, que é a Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção, defende a necessidade de todos nós colocarmos em prática a atitude adotiva. Diz um dos documentos (uma cartilha) que achei pela Internet: “O afeto inerente à atitude adotiva sempre encontrará um caminho. Movidos por essa força invisível , é possível que juntos e  articulados possamos fazer  com  que, em  cada município , a  criança possa ser  uma prioridade real e tenha pleno exercício do seu direito à convivência familiar.”

Dúvidas em relação ao amor e a convivência.


a)      Você não teve medo de se arrepender e de começar algo que é para vida toda???
b)      De descobrir, com o dia a dia, que não tinha conexão com estas crianças?
c)       De se supreender com traços de caráter e personalidade que não podemos mudar, nem com uma convivência de muito amor?

Essas são dúvidas comuns de quem está chegando agora a esse mundo. Vale à pena ler alguns livros dos autores:

1)       Lidia Weber (http://www.lidiaweber.com.br/livrospublicados.html) – ela te muita coisa na Internet, entrevistas no Youtube etc. Vale googlar alem de comprar os livros referentes a adoção (ela não escreve apenas sobre isso).

2)       Luiz Schettini Filho – tem um site que vende os livros dele. Achei esse link, deve ter outros. http://www.luizschettini.psc.br/pedido.htm e http://www.luizschettini.psc.br/index0.htm

3)       “Historias de Adoção – as mães”, das autoras Solange Diuana e Ana Amelia Macedo – Não sei se é facil achar nas livrarias, eles são sempre vendidos no café com Adoção. Mas vale checar na Travessa, onde foi feito o lançamento. Link para o site da Livraria da Travessa 

4)      Savio Bittencourt – Um deles é o “O que é ter atitude adotiva”, outro é “Manual do Pai adotivo”.  Vende no Quintal da Casa de Ana e nas livrarias. Ligando para o Quintal, é possível ter informações.

5)      Site bacana: http://www.adocaobrasil.com.br/

6)      Comunidade no Facebook:  gvaa.aea@groups.facebook.com

7)      Grupo de discussão

8)      Grupo Virtual de Apoio à Adoção
a.       No Facebook: https://www.facebook.com/groups/gvaa.aea/

9)      Para dúvidas jurídicas

Vou responder a segunda, sobre “Conexão com as crianças”. Pode perguntar a qualquer psicólogo, a qualquer professor, a qualquer mãe e pai adotivo ou biológico: essa conexão não é fruto hereditário. Esse amor, esse laço, é construído no dia a dia. Não é porque um filho nasceu da sua barriga que automaticamente ele é seu filho. Nada disso. É uma coisa muito profunda, é uma ligação que vai crescendo, crescendo, crescendo, um amor que não tem fim. Eu não tenho filhos biológicos, mas todos que tem os dois me contam que não há qualquer diferença! 

Em 2011, tive a experiência do Miguel, meu caçulinha que nasceu/chegou quando o Roberto (o mais velho) já tinha 3 anos. Eu já AMAVA loucamente o Beto e o Miguel ainda era um “Estranho”, certo? Em pouquíssimo tempo, a coisa virou. O Miguel virou o centro da família, aquele bebê deixa todo mundo alucinado. E olha que dividir atenção com o Roberto não é para qualquer um porque o Roberto é o típico show man, faz todas as gracinhas que as avós e tias amam, é aquela criança de comercial, sabe? Mas o Miguel, de uma forma completamente nova e diferente, com o brilho dele e o jeito dele, já conquistou todo mundo, inclusive o irmão. Está provado: essa conexão é a gente quem cria no dia a dia.

A terceira pergunta fala em caráter e personalidade: quem disse que filho biológico é santo? Não tem caráter difícil? Novamente eu acho que tudo está na mão de pai e mãe! Se a gente acerta, eles acertam. É a missão mais difícil das nossas vidas. Roberto esta muito levado, começa a sentir o poder da palavra não, sabe que consegue me “peitar” às vezes. Eu tenho que ser super firme, botar de castigo, segurar a onda mesmo. Mas isso é com ele e com todas as crianças da mesma idade. Todas as mães da escola contam a mesma coisa. É nosso dever nessa idade dar limites, ensinar, mostrar que eles nos devem respeito, etc.

Dúvidas em relação ao processo de habilitação


Dúvidas em relação ao processo de habilitação
*texto com contribuições da advogada Silvana Moreira

Durante o processo de Habilitação para Adoção, todos esses assuntos serão discutidos com (o) a psicóloga da vara. Foi uma época muito rica da nossa vida. Eu amei participar disso. Enquanto as outras mães faziam exames e ultrassonografias, eu e Lédio íamos felizes para os nossos encontros na Vara, alguns só nossos outros em grupo com outros casais que estavam se habilitando. Ouvir, falar, trocar experiências, ler livros, ler artigos... era a época que eu absorvia o máximo de informação e ficava “chocando” meu filho que ainda iria chegar. Toda mãe precisa dessa gravidez, a nossa é uma gravidez afetiva. Aproveite bastante esse momento que é MUITO RICO!

Como se cadastrar?

Ligar para a Vara da Infância e ver os procedimentos atualizados. Na minha época era diferente, mas sei que tem uma reunião obrigatória que é o primeiro passo. Verificar a data da próxima reunião.

VARA DA INFÂNCIA, DA JUVENTUDE E DO IDOSO DA CAPITAL
JUIZ TITULAR: IVONE FERREIRA CAETANO 
PRACA ONZE DE JUNHO, 403 CIDADE NOVA CENTRO
CEP: 20210-010
SECRETARIA: TELEFONE : (21) 2503-6300
E-MAIL: VIJI@TJRJ.JUS.BR

1ª VARA DA INFÂNCIA, DA JUVENTUDE E DO IDOSO (REGIONAL DE MADUREIRA)
Juiz titular: MONICA LABUTO FRAGOSO MACHADO 
AV. ERNANI CARDOSO 152 1. ANDAR CASCADURA
CEP: 21310-310
Secretaria: Telefone : (21) 2583-3515 / Ramal : 3516
Abrangência:
XV R. A. Madureira
Madureira, Cascadura, Bento Ribeiro, Marechal Hermes,, Engenho Leal, Turiassu, Campinho, Vaz Lobo, Rocha Miranda, Osvaldo Cruz, Cavalcante, Honório Gurgel
XBI R. A. Jacarepaguá
Praça Seca, Taquara, Vila Valqueire, Freguesia, Anil, Tanque, Curicira, Gardênia Azul, Cidade de Deus, Pechincha, Jacarepaguá
TELS.: (21) 2583-3511 / 2583-3512

2ª VARA DA INFÂNCIA, DA JUVENTUDE E DO IDOSO (REGIONAL DE SANTA CRUZ)
Juiz titular: CRISTIANA DE FARIA CORDEIRO 
PRAÇA OLAVO BILAC, S/Nº - SANTA CRUZ
CEP: 23570-220
Gabinete (Secretário): Telefone : (21) 3395-2355 / Ramal : 284
Secretaria: Telefone : (21) 3395-2355 / Ramal : 286
Abrangência
XVII Bangu
Campo dos Afonsos, Bangu, Deodoro, Realengo, Vila Militar, Magalhães Bastos, Padre Miguel, Senador Camara, SULAC
XVIII R.A. Campo Grande
Campo Grande, Santíssimo, Senador Vasconcelos, Inhoaíba, Cosmos
XIX R.A. Santa Cruz
Santa Cruz, Paciência, Sepetiba


Achei um passo a passo, mas não sei se esta correto. Achei nesse link:

Como adotar
Para adotar uma criança na cidade do Rio de Janeiro, o interessado deve se dirigir à vara da localidade de sua residência. Na capital do Rio de Janeiro são 3 (três) varas conforme anteriormente inserido. Na vara o interessado deverá procurar a Divisão de Serviço Social, de segunda à sexta-feira, das 11h às 16h, para ser orientado sobre os procedimentos de habilitação para adoção. Eles devem se inscrever no cadastro do juízo de pessoas interessadas em adotar.

Os grupos de apoio à adoção

Sou fã dos Grupos de Apoio A Adoção e acho que todo mundo devia fazer parte de um. Nós mães adotivas tivemos o privilégio de nos preparar muito antes da chegada do nosso filho. As biológicas deveriam ter o mesmo, eu acho. Os grupos são uma oportunidade de continuar essa reflexão, manter proximidade com quem já passou ou vai passar pelas mesmas dúvidas que vc. Aqui no Rio eu frequento o Café com Adoção. Mas existem vários, entre eles o Rosa da Adoção (na Barra) o Flor de Maio (Tijuca), O Quinta da Casa de Ana (Niterói) e o Ana Gonzaga, que tem dois endereços, no Flamengo e em Cascadura. O Café com Adoção ocorre sempre na segunda-feira de cada mês na Vara da Infância, no Centro, as 16h, no Auditório. Pode ser um primeiro encontro e de la a pessoa pode ir para outros.


A 1ª Vara Regional da Infância, da Juventude e do Idoso, que funciona no Fórum de Madureira, tem parceria com o Grupo de Apoio à Adoção Ana Gonzaga II. O GAA Ana Gonzaga II reúne-se toda terceira segunda-feira do mês às 19 horas na Igreja Metodista de Cascadura, na Rua Padre Telêmaco nº 30, em frente ao Fórum de Madureira. No mesmo local funciona o Grupo de Apoio à Adoção Tardia com reuniões todas as primeiras segundas-feiras do mês às 19 horas.


A 2ª Vara Regional da Infância, da Juventude e do Idoso, que funciona no Fórum de Santa Cruz, tem parceria com o Grupo de Apoio à Adoção Adoçando Vidas. Maiores informações pelo endereço http://2vriji.blogspot.com.br/


A lista completa está no site da Angaad: http://www.angaad.org.br/


NOVIDADE: Surgiu um novo grupo de apoio em Copacabana, especialmente voltado para adoção tardia:

(texto retirado do Facebook)

É com enorme prazer que comunicamos a inauguração do Grupo de Apoio à Adoção Tardia Ana Gonzaga V – Copacabana, que será acolhido pela Igreja Metodista de Copacabana, sita na Rua Décio Vilares, 36 - Copacabana / Praça Bairro Peixoto.
Data da inauguração: 5 de setembro de 2012.
Hora: 19 horas
O GAAt - Ana Gonzaga V contará com o apoio do SINGULARIZANDO, com apoio jurídico e com apoio de assistente social, todas as pessoas voluntárias da causa da adoção.
As reuniões serão realizadas sempre as primeiras quartas-feiras do mês, das 19 às 21 horas.
Gostaríamos de contar com a presença de todos os voluntários da causa, pais e mães em adoção tardia, representantes dos demais grupos de apoio à adoção.
É necessário lembrar, e conscientizar, os habilitandos e habilitados acerca da realidade do acolhimento institucional no Brasil. Não se trata de tentar alterar o perfil, e sim de expandir os horizontes para uma visão que, às vezes, não se imagina existir.
Por favor, divulguem a existência de mais um grupo reflexivo.
Abraços,
Silvana do Monte Moreira
GAA Ana Gonzaga I
GAA Ana Gonzaga II



ENCONTRO DOS GRUPOS DE APOIO (eu já fui no ano passado, é imperdível, muitas palestras bacanas, muita gente boa para ouvir, vale muito a pena!!!):

Texto retirado do Facebook


Bom Dia !

A comissão Organizadora do Encontro Estadual , agradece as inscrições que já foram realizadas e comunica  que: 
1 - As inscrições continuam abertas.
2 - As crianças participarão do IX EEGAARJ somente no Sábado dia 24 de Novembro, quando haverá a  animação com recreadora durante todo o dia.
.3 - Solicitamos a todos os participantes que levem 01 brinquedo novo ou 1 livro infanto - juvenil , que serão doados aos abrigos de nossa Comarca no Natal.
Continuaremos a divulgar todas novidades até a data do nosso Encontro.
Tenha uma ATITUDE ADOTIVA , participe !!!!!!!


Terça às 09:45 · Curtir



as inscrições para o Encontro Estadual dos Grupos e Apoio a Adoção do Rio de Janeiro, já podem ser 

feitas através do e-mail abaixo e deverá ser enviado da seguinte forma: (basta copiar o formato colar na sua 

caixa de e-mail e nós enviarmos)


E-mail: inscr.estadual@yahoo.com.br
Este ano o Encontro se dará nos dias 23 de novembro de 2012 das 13h às 18h e 24 de novembro de 2012 das 9:30h às 17h, na FEUC localizada na Estrada da Caroba, nº 685 – Campo Grande – Rio de Janeiro.
Grupo responsável pela realização do evento Adoçando Vidas



Abrigos

Esse texto teve correções feitas pela advogada Silvana Moreira*


Abrigos

O Abrigo hoje mudou de denominação é passou a ser denominado entidade de acolhimento institucional. 

Meu conselho (Germana) é: não vá atrás de abrigos sem estar habilitada que vc vai se frustrar. 95% das crianças abrigadas não estão destituídas do poder familiar para adoção e, quando isso acontece (a lei nova obriga que de seis em seis meses a situação das crianças seja reavaliada, o que tem agilizado muitos casos), elas vão para casais habilitados já pela Vara da Infância, Juventude e Idoso.

O primeiro passo de todos é se habilitar. Uma vez feito isso, ai vc vai decidir como seu filho (a) vai chegar, se é na busca ativa dos abrigos, se é aguardando um bebê da fila (Através do Cadastro Nacional da Adoção, CNA) ou se é através da chamada Adoção Consensual, quando você encontra uma gestante que queria entregar seu filho. 

Essa terceira opção é mais arriscada, o juiz pode decidir que aquele bebe não e seu e, sim, do primeiro da fila. Mas pode correr sim, tudo depende de cada situação, de cada criança, de cada pai habilitado e por aí vai. Interessante ler algo sobre essa questão, sugerimos: http://silvanammadv.blogspot.com.br/2012/02/adocao-intuitu-personae-e-necessaria.html

Não gasta seu cérebro com isso agora. O primeiro passo é se habilitar e começar a se apaixonar pelo filho (a) que ainda virá independentemente de ele ter sido gerado na barriga de terceiros. Já é MUITO! 

Vá aos grupos de apoio, vá a Vara de Infância com a sua documentação e deixe o tempo cuidar do resto. Uma pequena transformação vai acontecer e você verá que já vai se pegar amando aquela pessoa que vc nem conhece ainda!!!

Textos que eu escrevi - Blogs Mães em Rede e 7X7


Deixo vários links de coisas que eu já escrevi. Espero que vocês gostem! 

Deve ter bibliografia MUITO melhor por ai. Seguem apenas algumas impressões minhas, bem pessoais.

Links do Globo Online – blog Maes em Rede
(esse blog foi recentemente desativado, mas buscando pelos links ainda dá para achar esses textos. Ele não falava de adoção e, sim, de maternidade. Para acessá-lo de uma forma geral, o caminho é esse. O último post é meu e fala sobre adoção. http://oglobo.globo.com/blogs/mae/)


Tive a oportunidade também de publicar no Blog 7 X 7 da Revista Época sobre o que eu considero preconceito contra a adoção.




Matérias bacanas


Sensacional o programa da Fátima Bernardes que, logo na sua primeira semana de exibição, fez uma série especial sobre adoção.


 Primeiro programa - uma geral sobre a adoção

Segundo programa - Adoção Tardia e Devolução

Terceiro programa - dificuldades para a adoção

Quarto programa: Vanessa da Mata conta sobre a adoção dos seus 3 filhos

Quinto programa: a etiqueta da adoção 

Encerramento do programa: famílias no palco e carta à mãe biológica.





Essa aí é a Roberta Baggio e seu marido Chico, amigos do Café com Adoção, que estavam vivendo uma gravidez afetiva na época do programa. Eu me derreti de tanto chorar ao ver seu depoimento e as gavetas cheias de roupinhas à espera do filho (a) por adoção. Pouco tempo depois, ficamos sabendo que ela está grávida e comemoramos muito. Antônio já era muito desejado e tenho certeza que a Roberta vai amar o seu filho biológico da mesma maneira como amaria o adotivo.

Outra matéria linda aqui

O Globo a Mais 2012

Linda matéria no Globo a Mais (versão do Globo no Ipad), pautada por mim com as minhas amigas da adoção como porta-vozes! 







sábado, 22 de setembro de 2012

Naturalidade da adoção - Artigo de Guilherme Lima Moura

Não conhecia esse autor e estou simplesmente encantada!!!

http://ne10.uol.com.br/coluna/atitude-adotiva/noticia/2012/06/11/a-naturalidade-da-adocao-347896.php

ATITUDE ADOTIVA

A naturalidade da adoção

Publicado em 11.06.2012, às 08h05


Por Guilherme Lima Moura
É natural que os casais, a certa altura da vida comum, busquem na gravidez a realização do tornarem-se pais. Com “natural”, quero dizer o comum, o frequente, o socialmente esperado. Tudo à nossa volta conspira para que seja assim. Afinal, todas as nossas convenções culturais nos definem como pais que se constituem enquanto tais pela procriação. Crescemos e vivemos sob a crença tacitamente partilhada de que a gravidez é o processo pelo qual alguém se torna pai ou mãe.

A naturalidade da filiação é assim (socialmente) definida em termos biológicos.

Entretanto, como é sabido, algumas pessoas possuem configurações biológicas que terminam por tornar a gestação uma impossibilidade. A fecundação não chega a ocorrer ou, ainda mais doloroso, a vida intrauterina é abruptamente interrompida. Para muitos, é nesse contexto que surge a opção de se buscar na adoção a realização da filiação tão almejada. E é aí que alguns se deparam com um tipo de mal estar. Paira sobre eles a sensação de que recorrem a uma espécie de “plano b”. Angustiam-se na culpa por buscarem na adoção uma alternativa de “segunda classe”, só cogitada a partir da falência dos planos iniciais em torno da gestação.
http://www2.uol.com.br/JC/quadro2.jpg

Falo aqui especialmente a estes que vivem essa condição de “limbo paterno/materno”: sofrem o luto por uma expectativa de filho que não chegou a se realizar e, ao mesmo tempo, consideram que este filho talvez possa já existir e estar a um passo de, através da adoção, chegar-lhes aos braços cheios de amor.
Nesse contexto de emoções ambíguas, que oscilam entre a dor e a esperança, o tempo e o diálogo franco são os grandes companheiros. Etapas não devem ser queimadas. O luto cumpre o importantíssimo papel de não transformar esperança em precipitada fuga da realidade. Isso porque é fundamental entendermos que o filho adotivo não deve surgir em substituição ao filho biológico. Todo aquele que (em qualquer contexto) é desejado para ocupar um lugar que é de outro, corre o risco de nunca ter seu próprio lugar, de nunca poder ser quem é, de nunca atender às expectativas que lhes são cruelmente impostas. Então, esse “outro” precisa morrer também na nossa emoção, para que aquele que agora passamos a desejar tenha direito ao seu próprio lugar afetivo nas nossas vidas.

Em que consistirá, então, realmente a naturalidade da filiação?

A esta altura os leitores desta coluna já estão cientes de que o significado da adoção, que aqui anunciamos, é maior do que tão somente a especificidade de determinado tipo legal de constituição familiar. Como temos dito, a adoção é a via de construção da filiação. É um processo relacional e afetivo que ocorre historicamente através do cotidiano. Como processo relacional, ele é uma via de mão dupla, ou seja, pais adotam filhos e filhos adotam pais. É preciso que tal circularidade ocorra para que a relação afetiva se estabeleça. E isso acontece na convivência de modo especial e único para cada família.

Entretanto, essa construção afetiva inicia-se antes mesmo de dar-se o primeiro encontro. Antes ainda de pais e filhos se conhecerem. Ela nasce na expectativa, no crescente desejo que alimenta previamente a predisposição amorosa dos futuros pais. Surge mesmo da necessidade que estes elaboram de terem, junto a si, aqueles a quem devotarão o melhor dos seus amores e cuidados. Surge da necessidade de termos filhos.

É importante entendermos que nem sempre a preferência prévia pela filiação adotiva implica em um olhar natural para a adoção como experiência de filiação. Às vezes, ela surge de um mal entendido, no qual este “sempre quis adotar” é fruto de uma intenção aparentemente caridosa de “salvar crianças”. Eis um grande equívoco! Se quisermos contribuir com o bem estar de menores em situação de risco, podemos nos engajar em inúmeras ações valorosas que existem à nossa volta. É uma bela iniciativa. Mas a paternidade e a maternidade não devem constituir-se numa experiência baseada em troca, do tipo “hoje eu salvo você, amanhã você me salva”. O amor de pai e mãe é um amor que nutre tão somente a expectativa de que os filhos sejam felizes.

Portanto, a construção da filiação adotiva como uma alternativa à gestação não faz da adoção uma escolha menor. Na realidade, respeitado o tempo do luto, tal decisão revela o entendimento maduro de que a naturalidade da filiação ocorre no afeto, ou seja, na adoção! Quem se torna pai ou mãe pela adoção deseja simplesmente ser pai ou mãe, e entende que a adoção é um meio legítimo de realizar este seu desejo.

Meus filhos são meus filhos façam o que façam, sejam o que sejam. E assim o são somente porque eles e eu assim o desejamos e assim o fizemos ser. Isso é adoção. Natural assim!

Lindos artigos

http://ne10.uol.com.br/coluna/atitude-adotiva/index.php


ATITUDE ADOTIVA

Pães e Mais

Publicado em 17.08.2012, às 16h11



Foto: Internet

Por Guilherme Lima Moura
A adoção está no ar. Por todo canto, estruturam-se configurações familiares efetivamente a partir dos laços afetivos. Famílias que são reconstruídas através de novos casamentos. Avós que criam seus netos como filhos porque os pais e mães trabalham o dia todo, às vezes em cidades distantes. Padrastos e madrastas que se convertem em pais e mães porque no espaço do afeto só cabe afeto. O sangue só tem utilidade se estiver nas veias e artérias, onde cumpre o belo papel de permitir a vida orgânica. Mas filho e filha não precisam de sangue porque, como seres vivos, já o possuem. Filhos e filhas precisam de amor. De um tipo especial de amor que os permite existir como filhos e filhas e não apenas como seres vivos.

Aqui e ali, falando com um e com outro, tenho escutado inúmeros relatos sobre as muitas expressões da adoção. Dia desses um rapaz me disse: “Fui criado pelo meu tio porque meu pai nunca quis saber de mim”. Também uma senhora desabafou-me, com certa discrição, embora tenha me parado em plena rua. Puxando-me pelo braço para que um de meus ouvidos lhe chegasse mais próximo à boca, sentenciou: “Tive três filhos, mas só fui adotada pela minha filha adotiva. Os outros dois não estão nem aí pra mim! O que importa é quem a gente ama, meu filho!”. No seu comentário pretendia confirmar e estimular minhas convicções, como quem já viveu a intensidade da presença e da ausência do amor filial.

Numa outra situação, ouvi de uma pessoa próxima: “Minha mãe morreu muito jovem e minha madrinha me criou”. E quando lhe disse “Pois é. Você é também um filho adotivo”, ele parou e fez cara de quem tinha compreendido algo muito importante. De quem tinha elaborado sua própria história a partir daquela nova perspectiva. De quem tinha entendido, afinal, que na sua vida não havia uma “mãe que morreu e uma madrinha que criou”, mas uma mãe que não pode continuar mãe e uma mãe que se fez mãe e assim permaneceu até hoje. Ouvi dizer depois que naquele dia ele lhe deu um beijo especial.

A expressão “criar um filho” é realmente rica de significado. É a partir do criar que surge a existência do que quer que seja. É, portanto, no criar os filhos que os fazemos existir enquanto filhos. Essa criação, como sabemos pela simples vivência, é também naturalmente entendida numa perspectiva de longo prazo. Dizemos frequentemente: “Estou criando meus filhos; tenho meus filhos pra criar”.

A criação dos filhos é ato contínuo, de longo prazo. Surge na convivência e na aceitação. É relacional, afetiva e de uma profunda amorosidade. A criação dos filhos é, enfim, a essência do que temos chamado de atitude adotiva. Filhos nascem da criação; filhos nascem na adoção.

Nessa época de celebrações à figura paterna, tive oportunidade de participar de momentos especiais, em que nós - os papais - ocupamos o centro de todas as homenagens. Tais eventos são sempre para mim cheios de muita alegria e emoção, que priorizo sobre qualquer outro. Mas, em meio às situações em que estive, pude sempre vislumbrar ao meu redor a presença de pessoas que, não tendo ao alcance das mãos aquela figura masculina, pode encontrar nos braços amorosos de alguém a condição especial do pai-mãe. Daquele ou daquela que, em algum ponto do caminho, escolheu o tornar-se pai-E-mãe.

Esses que se decidiram como “pais e filhos”, às vezes a partir de episódios dolorosos, têm sempre alguém para encontrar na multidão dos homenageados. Têm sempre alguém para chamar de pai ou mãe.

Sim, porque há pais que são “pães”; e mães que são “mais”.

PERFIL


GUILHERME LIMA MOURA é pai adotivo, integrante do Gead (Grupo de Estudos e Apoio à Adoção do Recife) e professor da UFPE

RECURSOS




ATITUDE ADOTIVA

Vamos, filho?!?

Publicado em 27.04.2012, às 17h20




Por Guilherme Lima Moura
Dia desses, fiquei encantado com uma cena que presenciei. Estavam próximos a mim um homem e sua noiva, uma jovem viúva, mãe de um menino que também estava com eles, e cujo pai já há alguns anos falecera. A certa altura, o homem referiu-se à criança chamando-a assim: “Vamos, filho?!”. E ele foi. Emocionei-me. Enquanto os três saíam do recinto com a naturalidade típica das famílias, um filme passava em minha mente. Lembrei-me daquele jovem que havia partido. Circunstâncias da vida privaram-lhe de se manter pai daquele pequeno garoto, na época ainda um bebê.

Naquele momento, na condição de testemunha silenciosa de uma cena que mal durou alguns segundos, enchi minha alma de gratidão a Deus pela adoção. Bendita seja a escolha que cabe a cada um de nós de sermos ou não bem-aventurados. De segurarmos as rédeas do nosso futuro e assumirmos a autoria da nossa própria felicidade. Agradeci. Agradeci e pensei em quão maravilhoso é perceber que é tão somente na convivência afetiva que construímos nossa parentalidade!

“Vamos, filho?!”

Pensei em quão maravilhosa é a adoção. “Homem” e “criança” são conceitos absolutos: existem em si mesmos. “Pais” e “filhos” são conceitos relativos: um só existe por causa e a partir do outro. Ninguém pode ser pai ou mãe sem a existência de um filho ou filha e vice-versa.

Por isso, não é possível adotarmos crianças. Adotamos filhos. Porque é na adoção que pais e filhos se realizam, ou seja, passam a existir um por causa do outro. Como diz a médica e psicanalista francesa Francoise Dolto, “o ser humano, fisicamente, é um mamífero; e, psiquicamente, é um ser de filiação linguística e, portanto, de adoção”.

Lembrei de quantos arrastam por aí a frustração de uma paternidade ou maternidade não realizada por suporem que só pela gestação podem se tornar pais ou mães. Que tolice! Até quando acharão que a filiação se estabelece na herança genética? Quantos mais exemplos de desamor precisarão ainda testemunhar em meio aos laços da consanguinidade?
Não é possível adotarmos crianças. Adotamos filhos. Porque é na adoção que pais e filhos se realizam, ou seja, passam a existir um por causa do outro.
Há quem diga “Não posso ser mãe”, “Não posso ser pai”. Errado! Talvez não possa engravidar. Mas pode ser mãe ou pai, sim! Basta querer e ter disponibilidade para amar. Até porque se engravidar e não tiver amor, também não será mãe nem pai. Como já dissemos, a gestação é apenas um ponto de partida: nem imprescindível, nem suficiente. A filiação é a aceitação recíproca a um convite de profunda amorosidade.

“Vamos, filho?!”, continuava a frase em minha mente. Que coisa tão simples e linda! No convite amoroso, o exemplo singelo do fazer-se pai. Na aquiescência espontânea do menino, o fazer-se filho. Convite aceito, adoção realizada. Simples assim.

Depois daquela cena, ao chegar em casa senti-me ainda mais feliz por estar com minha família, estabelecida totalmente através da adoção, desde a adoção que minha esposa e eu realizamos um com o outro.

Lembrei-me novamente do jovem pai que se fora tão cedo. No silêncio da minha emoção, desejei que ele estivesse em paz. E entendi que se eu estivesse em seu lugar, boa parte da paz que eu poderia ter certamente adviria do fato de meus filhos serem amados.

“Vamos, filho?! Vamos, pai!”